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ARQUÉTIPOS X ESTEREÓTIPOS

  • Luiz Junior
  • 14 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura

Este artigo explora as diferenças entre arquétipos e estereótipos – fundamental para a elaboração de obras que ficarão marcadas na memória para sempre.

 

Um livro escrito com base em questões arquetípicas terá muito mais chances de conquistar leitores de modo universal do que um baseado em questões estereotipadas.

Dois grandes auxiliares para escritores e contadores de história são o Tarô de Marselha e a Astrologia, instrumentos que refletem os arquétipos universais e muito das mitologias. Aliás, a mitologia é uma fonte inesgotável de conhecimento para a contação de histórias.

Tomemos a história de Drácula. O Príncipe Vlad Empalador, cuja sanguinolência e virulência nas batalhas forjou o mito do Príncipe dos Vampiros, foi um obscuro príncipe da região Leste da Europa, cujas histórias cruzaram as areias dos tempos para permanecer acesa em nossas mentes. A lenda é totalmente temperada com o ideário local, envolvendo o temor da população sobre os ciganos e dos inimigos sobre o príncipe, que empalava os inimigos e bebia seu sangue. Sua história foi contada por gerações, até que Bram Stoker decidiu escrever o seu Drácula. Ao invés de simplesmente tomar os estereótipos locais (puramente culturais), este abordou o mito pelo viés da imortalidade.

Antigos relatos dos índios africanos, asiáticos, americanos e aborígenes falam sobre o ato de beber o sangue e comer a carne dos inimigos. Assim, a coragem dos melhores combatentes se perpetuaria no corpo e na alma dos canibais. Sim, ser canibalizado era considerado por eles um ato de pura honra. Aquele guerreiro devorado se tornaria imortal. É de se ressaltar que este mito é contado nos quatro cantos do mundo, espalhado como folhas ao vento. Hoje falamos do mito da imortalidade da alma, através das modernas religiões espíritas e até mesmo através de conceitos da Física. Isso significa que este mito – o da Imortalidade – se repete entre os povos há milênios.

Drácula se torna universal – e não somente local – quando Bram Stoker conta sua história sob esta ótica arquetípica.

Tomemos outro exemplo: muitos conhecem, ainda que por cima, a Astrologia. Conhecemos por cima detalhes dos signos, e repetimos suas características como papagaios, sem nos atentar que a construção arquetípica de um Signo Zodiacal é muito mais complexa do que os estereótipos que repetimos aos quatro ventos. Câncer é chorão, Leão gosta de aparecer, Áries é briguento, os aquarianos são dispersos e bipolares, Virgem é chegado num paninho... não é assim mesmo?

Vamos usar o exemplo de Aquário. Aquário é um signo fixo, de ar, quente e úmido, cujo símbolo é um dos poucos que não se utiliza de figuras animais (junto com Libra e Gêmeos). Seu regente natural é o planeta Saturno, e a segunda regência é de Urano.

Mitologia greco-romana: no início, Caos teve dois filhos: Gaia e Urano. Urano viajava pelos céus, e frequentemente vinha a Gaia para a cópula. Gaia se reproduzia em inúmeros filhos, como os Hecatonquiros, os Ciclopes, os Gigantes e os Titãs, todos seres horrendos que destruíam a Terra (Gaia). Um de seus filhos, o titã Cronos (Saturno para os romanos), ao tomar conhecimento deste fato, mata Urano, seu pai, e lança seu órgão reprodutor ao mar, nascendo assim Afrodite, a mais bela criação de Urano, sob intervenção de Saturno.

Portanto, a criação desmedida de Urano, quando sob a intervenção do Tempo (Saturno) sob a ótica da paciência e do trabalho duro, eliminando as arestas (Saturno corta as partes de Urano após esperar pelo pai pacientemente), gerará belíssimos frutos.

Portanto, estas características mitológicas farão parte do arquétipo do aquariano. Saturno mata Urano. Urano é desmedido, Saturno é contido. Quando estas duas realidades se fundem na psique de um aquariano, então ele produzirá belas obras para a humanidade. A união de dois conhecimentos aparentemente antagônicos produzindo um conhecimento modificado é a base da dialética, método de produção de conhecimento científico amplamente utilizado por Marx.

Ao escrever uma obra, se quisermos construir uma personagem aquariana e o descrevermos como bipolar e disperso, estaremos incorrendo no erro do estereótipo. Isso não quer dizer que nossa obra não fará sucesso. Fará, mas o sucesso será localizado e terminará como um rastilho de pólvora, não deixando nada para a posteridade. Se partirmos, porém, para os arquétipos e mitos, então estaremos produzindo uma história poderosa, que ultrapassa os limites culturais, econômicos e mercadológicos, fazendo com que nossa obra seja conhecida daqui a trezentos anos.

Como Drácula, como Frankenstein, como Star Wars (cuja produção contou com a inestimável ajuda do mitólogo Joseph Campbell).

Não é fácil escrever com base em mitos universais, mas com estudo e pesquisa com certeza podemos chegar lá. Como disse acima, dois bons exemplos são o conhecimento astrológico e o tarô, como o de Marselha. Ler Joseph Campbell e Carl Jung também o ajudarão na construção desta mitologia pessoal que se tornará universal.

Até mais!


 
 
 
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