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O antagonista


Neste texto analisaremos a importância do antagonista como o elemento-chave para extrair completamente a potencialidade do nosso protagonista.

 

Quando escrevemos, costumamos nos ater ao protagonista – inclusive é ele quem passará pelo Arco do Personagem e pela Jornada do Herói ou Promessa da Virgem (veremos em novos posts) – o que dará tridimensionalidade e vida à personagem e, consequentemente, à história.

Mas um elemento essencial à progressão da história será o Antagonista. Este pode ser interno (como enfrentar seus próprios medos) ou externo (como enfrentar alguém poderoso).

Digamos que, na sua história, o seu protagonista tenha como missão conquistar o amor de uma garota. Seu protagonista é bonito, forte, tem um bom emprego, cuida bem da saúde e ama animais e crianças. Ele deseja uma mulher linda e jovial, independente e agradável.

Porém, há um problema: ela namora um cara – um rival. Este rival está desempregado há anos, vive à custa da mãe, detesta animais, é encrenqueiro, vive traindo sua namorada e não quer ter filhos.

Antagonista perfeito: basta fazer o jogo da sedução corretamente e a vitória é garantida. Porém, este não é um antagonista que testará ao máximo nosso protagonista. Ele é facilmente derrotável, não exigirá profundidade do protagonista e, portanto, da nossa história.

Agora pensemos em uma alternativa: este rival é um homem maduro, seguro, poderoso. Comanda um conglomerado de empresas, é devotado à família e completamente apaixonado pela namorada. Faz yoga, meditação. Fala italiano, português, inglês e espanhol fluentemente, pois já morou nestes países. Ele mesmo cozinha para ela, e é tão maluco por crianças e animais que administra ONGs com a finalidade de ajuda-los.

Agora sim, temos um antagonista de peso. Nosso protagonista terá que extrair o melhor de si de dentro de sua alma, ou fatalmente sucumbirá perante o desafio.

Harry Potter não tem que enfrentar um bruxo qualquer. Ele tem que enfrentar o maior bruxo das trevas de todos os tempos.

Hercule Poirot enfrenta, em “Cai o Pano”, um antagonista tão poderoso que o força a tomar decisões que ele mesmo deplorará.

Frodo Bolseiro deve enfrentar o poder do Um Anel, e consequentemente das sombras que emergem dentro de si, tendo como único espelho o que aconteceu a Smeagol para temer.

Sherlock Holmes enfrenta o Professor Moriarty, tido por ele como o “Napoleão do Crime”.

A policial Clarice Starling enfrenta um serial killer tão perigoso que é obrigada a buscar a compreensão de sua mente junto a um assassino ainda pior, que a leva a cometer os mesmos atos (no livro) – Hannibal Lecter.

Portanto, caro escriba, nunca se esqueça: o antagonista deve ser um inimigo tão formidável que fatalmente impulsionará nosso protagonista a tirar a bunda da cadeira e se mexer em busca do que quer, sob risco de a obra ficar imensamente superficial.

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