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O Eureka

Quando estamos com dificuldades para encontrar uma solução para um conflito, um personagem ou uma cena, qual a melhor hipótese? Neste artigo vamos ver uma técnica simples para produzir ideias.

“Eu estava sentado à mesa a escrever o meu compêndio, mas o trabalho não rendia; os meus pensamentos estavam noutro sítio. Virei a cadeira para a lareira e comecei a dormitar. Outra vez começaram os átomos às cambalhotas em frente dos meus olhos. Desta vez os grupos mais pequenos mantinham-se modestamente à distância. A minha visão mental, aguçada por repetidas visões desta espécie, podia distinguir agora estruturas maiores com variadas conformações; longas filas, por vezes alinhadas e muito juntas; todas torcendo-se e voltando-se em movimentos serpenteantes. Mas olha! O que é aquilo? Uma das serpentes tinha filado a própria cauda e a forma que fazia rodopiava trocistamente diante dos meus olhos. Como se se tivesse produzido um relâmpago, acordei;... passei o resto da noite a verificar as consequências da hipótese. Aprendamos a sonhar, senhores, pois então talvez nos apercebamos da verdade." (O sonho de Kekulé)

Muitas vezes nos surpreendemos com a facilidade com que certas pessoas encontram respostas para problemas diversos.

Elas estão ali, tranquilas, tomando uma cerveja com os amigos no final da tarde quando, de repente, encontram a solução para corrigir o problema da rebimboca da parafuseta.

Mas como raios isso acontece?

Segundo James Webb Young, no livro “Técnicas para produção de ideias”, o caminho do Eureka é normalmente simples.

A técnica parte da seguinte premissa: quanto mais imersos estamos no assunto, mais rápido acontecem as conexões neurais, possibilitando encontrar a resposta correta ao problema apresentado.

Existe uma técnica muito simples e que vai ajudar escritores (e, via de regra, qualquer ser humano) a encontrar soluções rapidamente, técnica que relato abaixo:

1 – Envolva-se com o assunto. Leia, procure, entenda, compreenda, faça uma resenha.

2 – Sente-se em um lugar calmo e tranquilo e elabore recortes/fichas para que os principais assuntos fiquem facilmente encontráveis.

3 – Coloque as fichas e recortes em um local visível para você. Deixe visível durante todo um dia.

4 – Guarde tudo e vá fazer qualquer outra coisa – menos se envolver novamente com o problema.

5 – Será neste momento que as sinapses neurais entrarão em ação, elaborando a melhor saída para aquele ou este personagem ou situação narrativa.

A partir deste momento será a hora ideal para anotar a ideia para depois transpirar em cima.

No texto que abre este artigo (o sonho de Kekulé) vemos a história que vem sendo contada há gerações – o químico Kekulé estava com dificuldades para encontrar a estrutura química do Benzeno. E relata que, num sonho, as moléculas e átomos dançaram à sua frente até formar uma cobra que mordia o próprio rabo, dando a ele a solução para o problema apresentado. Isso só foi possível pois ele estudou com afinco o problema, ele estava dentro do assunto (química). Mas há algo que a história não conta: a cobra que morde o próprio rabo é um elemento esotérico famosíssimo, conhecido como Ouroborus. Ou seja, havia outros elementos no conhecimento de Kekulé (que, como todo cientista do passado, também era místico) que o auxiliou no processo do Eureka.

Portanto, amigo escritor, esta técnica, quando bem utilizada, pode nos dar soluções e saídas para os problemas das nossas tramas.

Tente e verá o quanto funciona!

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